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terça-feira, 11 de maio de 2010

Lavar as mãos acalma a consciência após tomada de decisão, diz estudo

Estudo publicado na edição desta semana da “Science” lança novas luzes sobre o gesto de Pôncio Pilatos, aquele governante romano que entregou Jesus à crucificação e depois lavou as mãos, como quem dizia: ‘Quer saber? Não tenho nada a ver com isso.’ Além de utilidades mais imediatas (como por exemplo evitar o contágio pelo vírus da nova gripe), dar um bom trato nas mãos com água e sabão ajuda a tocar a vida depois da tomada de decisões. O expediente aliviaria o que tecnicamente é chamado de “dissonância cognitiva”, o sentimento de desconforto criado pela manutenção na mente, ao mesmo tempo, de duas ideias opostas. Mais precisamente, da “dissonância pós-decisional”, a tendência de valorizar as alternativas escolhidas, ainda que forçando a barra, e fazer pouco caso das rejeitadas.

Spike W. S. Lee (nada a ver com o cineasta) e Norbert Schwarz, da Universidade de Michigan, conduziram dois experimentos. No primeiro, estudantes universitários classificaram dez CDs como parte de uma suposta pesquisa de consumo. Só depois ficaram sabendo que podiam ficar com o CD em 5º ou 6º na lista elaborada por eles mesmos. Quem foi limpinho, e lavou as mãos após fazer sua escolha, praticamente confirmou o ranking mesmo depois da surpresinha. Em outras palavras, ranqueou tanto os escolhidos quanto os rejeitados quase do mesmo jeito que originalmente, o que revela segurança e paz de espírito, digamos assim.

Mas quem não quis dar uma de Pilatos acabou demonstrando um íntimo incômodo com suas escolhas: reclassificou os CDs que pôde embolsar, considerando-os melhores que aqueles que não deixaram adicionar à coleção particular – um sintoma de racionalização.

O segundo teste foi com geleia de fruta. Os resultados foram similares.

Moral da história
Assim como os rituais com água eram reputados como capazes de purificar comportamentos imorais, lavar as mãos também pode expurgar vestígios incômodos de decisões passadas, reduzindo a necessidade de justificá-las, escrevem Lee e Schwarz.

Saiba o leitor que desconfia que uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo deu agora de publicar bobagem: edição de uns três anos atrás já havia publicado estudo sobre lavar as mãos, mas com foco nas implicações morais das decisões (Zhong e Liljenquist, “Science”, 8 de setembro de 2006).

Fonte: Olhar Direto

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