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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Área embargada ha 10 anos pelo MPF se transforma em "lixão"

Uma área com cerca de 3 hectares situada no setor urbano de Cáceres, bairro Jardim Paraiso, a margem esquerda do rio Paraguai, embargada em processo administrativo do Ministério Publico Federal, se transformou num dos mais recentes lixões da cidade. A área foi interditada para estudos sobre suposta existência de cemitério indígena – que, por lei, devem ser preservados.

A área que conserva extensa faixa de mata ciliar com excelente grau de preservação. O proprietário Aristides da Silva Filho foi impedido de promover qualquer alteração para transformá-la em atrativo turístico no município. O local, porém, é hoje um retrato de abandono, onde parte da população utiliza para “desova” diária e contínua de toneladas de lixos, oriundos de setores residências até as oficinas mecânicas que usam aquele espaço para desfazer de sucatas.

Toda imundície contrasta com a exuberância verde que margeia um dos lados do rio Paraguai, a mata exibe arvores centenárias como a – Ximbuva – e outras espécies vai sendo engolida parcialmente por todo o tipo de dejetos despejados em carretas, carroças até com tratores.

Aristides se mostrou indignado com a situação. Ele alega que há cerca de 10 anos a área foi embargada pela Justiça Federal. Professor universitário, Aristides disse que já contratou o advogado Ricardo Quidá, da cidade de Cáceres, para agilizar o processo, mas que apesar dos esforços da sua assessoria jurídica, o caso está emperrado na Procuradoria Federal. Enquanto isso, diz que diariamente é cobrado pelos cidadãos quanto a preocupante transformação do local num verdadeiro lixão.

“Fui impedido pelo MPF de promover qualquer benfeitoria na minha propriedade, nem mesmo a cerca com mourões de aroeira foi mantida, hoje o que se vê , é esse quadro desolador, num local que poderia ser explorado tanto pelos arqueólogos quanto transformá-lo em mais um atrativo turístico de Mato Grosso, mas o que se assiste é a lentidão da Justiça, enquanto que todos os dias são dispensados na área toneladas de lixo” - desabafou Aristides.

De acordo com o advogado Ricardo Quidá, a defesa requereu junto a Procuradoria Federal em Cáceres informação quanto a autoria do embargo. Conforme suas declarações não há sequer o nome de quem teria patrono dessa ação. “Nós não sabemos se foi o Ibama, o IPHAN ou a UFMT, quais dessas instituições teriam requerido a ação, somente quanto nos for informado a autoria poderemos agir, enquanto isso, os prejuízos ao meio ambiente e principalmente ao proprietário da área são irreparáveis” - lembrou.

Em parte da área foram encontradas algumas peças de cerâmicas supostamente usadas como urnas funerárias pelos índios Guatós - que habitaram o Pantanal de Cáceres há vários séculos. Atualmente, esses indígenas, conhecidos com “índios canoeiros”, tem uma reduzida aldeia na localidade de Porto Indio, na margem esquerda do Rio Paraguai, na divisa com Mato Grosso do Sul. O hábito de sepultar seus mortos em potes de barros. A tese dos defensores interdição da área, é que existam mais urnas no subsolo dessa propriedade.



24Horas News

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