O advogado Sebastião Monteiro, que defende o ex-governador Blairo Maggi (PR), afirmou que irá entrar com uma representação contra o promotor Mauro Zaque, autor de duas ações civis públicas contra onze envolvidos no esquema de desvio de R$ 44 milhões dos cofres do Estado, por meio da compra de 705 máquinas e caminhões do programa "MT 100% Equipado".
Monteiro acusou o promotor Mauro Zaque, que coordenou as investigações na esfera cível, de ter "usurpado" as atribuições exclusivas do procurador-geral de Justiça Marcelo Ferra.
Na opinião do advogado, ao suspeitar da participação de Maggi, o promotor deveria ter remetido todo o processo a Ferra, que detém, legalmente, a legitimidade exclusiva no MPE para investigar um chefe do Executivo.
"Ele não poderia ter fragmentado a investigação, escolhendo quem iria incluir e quem seria excluído do procedimento. Ou ele investigava a todos, ou a ninguém. Estamos diante de um ato praticado por um agente político, um promotor, que deve atuar sob o manto da legalidade", afirmou Monteiro.
O advogado de Maggi insinuou que Mauro Zaque teria "outras" motivações para dar sequência ao procedimento. "Quero não acreditar que isso tenha cunho político, que haja interesses por trás desses atos. Quero saber também o que está motivando essas ações", questionou.
"É desespero", diz Zaque
Ouvido pelo MidiaNews, Zaque foi direto ao responder aos questionamento de Sebastião Monteiro. "O que motiva essas ações não são questões políticas. Muito pelo contrário, o que as motiva são os desvios de milhões e milhões de reais dos cofres públicos".
O promotor desqualificou (e questionou) a tentativa da defesa de Maggi em prejudicar o procedimento.
"Tenho convicção da legalidade dos meus atos. Acho estranha a postura do ex-governador Maggi, que se diz inocente. Pensei que ele seria o maior interessado em ver isso tudo investigado e esclarecido, e não colocar o seu advogado para tentar questionar a legitimidade das investigações. Mato Grosso foi assaltado e a sociedade precisa saber quem foram os responsáveis por isso", afirmou.
Ele também criticou o papel de gestor de Maggi, que teria sido omisso em relação ao processo licitatório. "Se o então governador tivesse tido o mínimo de zelo, esse desvio não teria ocorrido. Isso só ocorreu pela total falta de controle dele sobre a máquina pública e seus subordinados", disse.
Mauro Zaque ainda disse que a postura do advogado do senador eleito é típica de quem não quer ver os fatos apurados em sua plenitude. "Essa é uma declaração de quem está desesperado. Porque quem não deve não teme. Se ele não deve, não tem porque estar preocupado com isso", declarou.
"Não sou filho de pai assutado"
A defesa de Blairo Maggi afirmou que acionará o promotor junto aos conselhos estadual e nacional do Ministério Público. "O comportamento do promotor autoriza uma representação. Estamos estudando a possibilidade de estar combatendo esses excessos. Certamente vamos tomar algumas providências, mas com toda a responsabilidade", sublinhou Sebastião Monteiro.
Quanto ao fato da ameaça de representação, o promotor Zaque se mostrou indiferente ao advogado.
"Ele pode fazer o que quiser, me denunciar, me representar... Não sou filho de pai assustado. Não estou me esquivando de investigar. Não desviei dinheiro do Estado. Então, ele e o seu patrão podem fazer o que eles quiserem", declarou Zaque.
O promotor também afirmou que esse tipo de "ameaça" não irá interferir em sua atuação diante do processo.
"Não vai afastar de mim a determinação do que tiver que fazer. Muito pelo contrário. Se sair outro procedimento de desvio, iremos apurar com isenção e critério, como fizemos nesse caso. Uma vez comprovadas as ilicitudes, vamos tomar as mesmas providências em defesa da sociedade", afirmou.
Midia News
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