Reprovados nas urnas pela população mato-grossense, os quatro vereadores de Cuiabá que disputaram as eleições para Assembléia Legislativa, pelo seu pífio desempenho, reforçaram a tese de que a Câmara Municipal não cumpre seu papel.
Inoperante, alheio aos interesses coletivos e palco de uma sucessão de escândalos, neste ano, o Legislativo cuiabano quebrou a tradição (negativa, diga-se) de ser "trampolim" político para seus ocupantes. A perda da identidade do Poder, ao que parece, refletiu negativamente na imagem da maioria dos seus integrantes.
Com efeito, quebrando uma "tradição" dos últimos pleitos estaduais, quando os vereadores da Capital sempre se projetavam com facilidade na política estadual, Deucimar Silva (PP), (ainda) presidente da Câmara, Domingos Sávio (PMDB), Leve Levi (PP) e Lúdio Cabral (PT) não conseguiram se eleger. Todos eles tiveram rendimentos abaixo do esperado, para não dizer "pífio".
Com base no retrospecto das últimas eleições, a Câmara cuiabana vinha sempre garantindo, pelo menos, três cadeiras no Legislativo Estadual. Desta vez, os quatro projetos "naufragaram".
Entre os pontos negativos dessa legislatura, destacam-se indícios de compra de material gráfico com superfaturamento; a falta de transparência na reforma milionária feita na sede do Legislativo; brigas entre vereadores, ameaças e troca de acusações; denúncias de suposta venda de apoio na recente eleição da Mesa Diretora; entre outros escândalos e baixarias que desgastaram a imagem do Parlamento.
A atual legislatura, por sinal, foi marcada pela cassação de dois vereadores: Ralf Leite (PRTB) e Lutero Ponce (PMDB). O primeiro, por quebra de decorro parlamentar, ao se envolver em um escândalo sexual com um travesti, na época, menor de idade; e o segundo, por má gestão quando foi presidente da Câmara, sob acusação de desviar, pelo menos, R$ 7 milhões do Legislativo.
No quesito má reputação dos parlamentares municipais, o progressista Deucimar Silva é o campeão de envolvimento nos escândalos, principalmente, nos de cunho financeiro, já que é responsável pelos gastos do Legislativo.
Outro que ficou "famoso" por se envolver em escândalo foi Domingos Sávio, no episódio conhecido como "Barco do Amor", quando ele e Ralf e algumas garotas se envolveram numa festa noturna no Lago de Manso, episódio até hoje não esclarecido à opinão pública.
O resultado de todas essas "lambanças" veio nas urnas, no domingo (3). Deucimar, que sempre se colocava como deputado eleito, teve votação bem inferior a esperada, com 15.781 votos - destes, 8.166 em Cuiabá. O segundo mais votado do grupo foi Lúdio, que obteve 11.431 votos, sendo 8.952 na Capital. Na seqüência, Leve Levi teve com 8.870 votos, 6.588 em Cuiabá. Na lanterna, do grupo ficou Sávio, que teve 6.142 votos, dos quais 4.852 foram na Capital.
Histórico
No retrospecto de vereadores que, no exercício do mandato se candidataeam e ganharam vagas na Assembleia Legislativa estão alguns nomes conhecidos, como Roberto França, Wilson Santos, Roberto Nunes, Chico Daltro, Luiz Soares, Emanuel Pinheiro, João Malheiros e Eliene Lima.
Nas eleições de 1998, a Câmara de Cuiabá projetou Lino Rossi para a Câmara Federal; além de Carlos Brito e Moacir Pires para deputado estadual.
Em 2002, deixaram a Câmara três vereadores para se tornar deputados: João Malheiros, Sérgio Ricardo e Verinha Araujo.
Na disputa de 2006, Valtenir Pereira ganhou para deputado federal e outros três vereadores conseguiram vaga para deputado estadual: Walter Rabello, Guilherme Maluf e Chica Nunes.
Vale ressaltar que o ex-vereador Luiz Marinho (PTB), que não disputou em 2008, ganhou neste ano uma vaga de deputado estadual.
Midia News
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