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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Candidatos exploram a infidelidade e banalizam partidos políticos

Em tese, partido político é definido como uma "união voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e políticas, organizada e com disciplina, visando a disputa do poder político". Só mesmo em tese. Neste começo de campanha eleitoral, os principais candidatos aos cargos em disputa não têm medido esforços para “cooptar” aliados de outras siglas, explorando o princípio da infidelidade partidária. A ferramenta é usada para tentar demonstrar força de suas postulações perante o eleitor, mas parece ter sido totalmente banalizada.

É a tal história do “Trair e coçar é só começar”. Em verdade, sempre foi assim. Cobrar fidelidade de político é comparado a pedir um cheque emprestado: nunca se sabe qual será o fim. Só que desta vez, a situação parece ter extrapolado de vez. Todos os dias um, dois, três são apresentados anunciando apoio ao que deveria ser adversário. As justificativas para a infidelidade sequer apresentam algo criativo; é uma opção e acabou.

Antes, os “infiéis” eram atraídos para campanhas subterrâneas, atuando nas bases. Hoje, viraram símbolo valioso de uma peça mercadológica. Absolutamente sem freio. Em suma, para esse contingente político, partidos políticos e nada é a mesma coisa. Isso em plena vigência da Lei da Infidelidade – que já cassou “n” políticos de seus mandatos.

Silval Barbosa, Mauro Mendes e até Wilson Santos, cuja campanha vem mais pelas beiras, não exitam em mostrar que “invadiram” a base partidária de outro. No sábado, por exemplo, o candidato do PMDB, que lidera a coligação “Mato Grosso em Primeiro Lugar” não exitou em anunciar o apoio do vice-presidente do Democratas na cidade de Mirassol d’Oeste, Romair Gomes, que se disse “cansado do descaso” em que é tratado pelo seu partido. Na festa, nem parecia um “estranho no ninho”.

O prefeito Getúlio Viana, do Partido da República, sigla do ex-governador Blairo Maggi, por sua vez tratou de “descontar a fatura” contra Silval. O controvertido prefeito anunciou apoio a candidatura de Mauro Mendes, do PSB. Mais que isso: foi a festa de inauguração do comitê do socialista e ainda fez discurso eloqüente. Por tabela, afirmou que vai trabalhar pela eleição de José Pedro Taques. “O nome de Taques causa sensação de respeito” – declarou, não se importando se será ou não “enquadrado” pelos republicanos.

E onde passa um boi, lá vai a boiada. O prefeito de Canarana, Walter Lopes Faria, seguiu o exemplo do colega republicano e anunciou seu apoio à candidatura de Mauro Mendes ao governo de Mato Grosso. Lopes jura de pés juntos que está apoiando o candidato do PSB “por livre e espontânea vontade”, que não tem outros interesses. Apóia porque simpatizou-se com Mendes desde a campanha em Cuiabá.

Faria lembrou também em seu discurso que convidou outros amigos prefeitos para participar do ato de apoio a Mauro Mendes, mas eles alegaram "medo". "Não sei se sou corajoso, mas graças a Deus Não tenho medo de nada

O ritmo da infidelidade não para por ai. O presidente do PPS, Gil Vicente, confirmou apoio à candidatura de Antero Paes de Barros (PSDB) ao Senado. Mesmo após a decisão da sigla de compor a coligação do empresário Mauro Mendes, que tem como principal candidato ao cargo o ex-procurador da República, José Pedro Taques. Gil já havia declarado apoio ao candidato tucano durante sua pré-campanha.

“Não só eu, como a grande maioria do diretório municipal do PPS está com Antero há muito tempo. Além de o considerarmos qualificado, Antero é o candidato de José Serra, que tem o apoio da executiva nacional do PPS” – justificou o dirigente.

O atual presidente do PTB em Rondonópolis, Eliezer Moreira dos Santos, de seu turno, contou que foi buscar o apoio de um aliado, o ex-prefeito Alberto de Carvalho. Recebeu como resposta que a liderança e apoio seria emprestada ao deputado federal Carlos Bezerra, do PMDB. “Eu não tive como garantir o apoio dele, não tenho condições de oferecer o que ele queria, então ele mesmo disse que iria apoiar o Bezerra” - repassou Eliezer.

Da declaração de petebista pode-se extrair inúmeras interpretações. Especialmente se se levar em consideração que o aspecto necessário da política há muito foi subvertido, transformando-se em um grande “balcão de negócio”, como se diz nos bastidores.


24Horas News

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